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terça-feira, 6 de abril de 2010

Ami Vitale








«I don’t know if it’s possible to get to a truth, but I’m searching for that.»

AMI VITALE, The Digital Journalist, 2003.


"Quando a jovem Ami começou a trabalhar em edição de imagem para a Associated Press, pouco depois de se formar em Estudos Internacionais pela Universidade da Carolina do Norte, ela parecia-se ainda com uma adolescente fechada no seu pequeno universo interior, mas começava a perceber o que os mercados fotográficos de Nova Iorque e Paris estavam a pedir aos grandes fotojornalistas de todo o mundo. Talvez mais importante do que isso, ela descobriu que queria sair rapidamente da sua «introverted shell»: no seu íntimo, ela sempre achou que os fotógrafos são pessoas introvertidas à procura duma maneira de se relacionarem com o mundo («I think all photographers are introverts trying to find a way to bond with the world»).

Relacionar-se com o mundo foi, desde então, o que fez Ami Vitale, e já em 1999 — como disse Matt Brandon na The Digital Trakker de Dezembro desse mesmo ano —, talvez não fosse possível encontrar alguém que tivesse recebido tantos prémios e condecorações.

Com o dinheiro ganho a editar as imagens dos outros, sozinha e sem compromissos, Ami Vitale decidiu viajar para a Europa e fez a sua primeira grande paragem na República Checa, em 1997, porque estava impressionada com as notícias e as fotografias que lhe haviam chegado dos Balcãs. Desde então, nunca mais parou e segundo as suas contas já conheceu mais de 70 países nos cinco continentes.



Em alguns sítios onde esteve chegou a ter medo: Afeganistão, Kosovo e Índia (Caxemira, a partir de Nova Deli — onde viveu), foram lugares que a marcaram. Porém, numa entrevista concedida em Janeiro de 2003 à jornalista Susan B. Markisz, então colaboradora do The Digital Journalist, a já consagrada Ami Vitale confessou a sua paixão por África (onde também viveu). Para explicar que a sua presença como pessoa era tão ou mais importante do que a sua presença como fotojornalista, disse que em muitos lugares onde esteve recolhia os seus alimentos e fazia as suas próprias refeições, lavava a sua roupa, brincava com as crianças na rua e assistia às cerimónias religiosas: missas, funerais, casamentos, circuncisões masculinas e femininas...

Na Guiné, os filhos de Fama Jamanka, a mulher que a acolheu na sua cabana de lama, admiravam-se com a sua falta de perícia para recolher a água do poço (Ami Vitale é franzina como todas as grandes mulheres). Com alguma dificuldade, ela explicou-lhes que para conseguir água na América só tinha de carregar num botão.

Certa vez, numa noite de lua cheia, ao verificarem a expressão de surpresa da fotógrafa depois de um magnífico pôr-do-sol, um grupo de crianças perguntou-lhe se na América não havia lua. Ami vivia então como elas, um dia de cada vez como se não houvesse futuro, e ainda assim não sabia bem o que lhes responder...

Ainda hoje, na sua casa em Miami, na Florida, onde trabalha para a National Geographic e para muitas outras organizações internacionais, quando há lua cheia ela lembra-se da Guiné e deixa que uma lágrima se solte dos olhos. E agora percebe, melhor do que nunca, por que é que essas crianças conseguiam lidar tão bem com a sua tragédia.

Viver com os pobres fez de Ami Vitale uma pessoa muito mais rica. Segundo as suas próprias palavras, ela ainda não sabe se existe uma verdade, mas continua a procurá-la."
Retirado do Blog Antero de Alda

mais fotos dela aqui.
site dela, aqui.

Um comentário:

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